quinta-feira, 7 de maio de 2009

Dino Buzzati e o Giro

Dino Buzzati foi um dos melhores jornalistas/escritores/poetas italianos, além de pintor de sua época. nascido em San Pellegrino, em 16 de outubro de 1906, faleceu em Milão, aos 66 anos, em 28 de janeiro de 1972. Seu maior sucesso é o romance Il deserto dei Tartari, de 1940. Buzzati, no entanto, escreveu também para o teatro, para crianças e para o ciclismo. The Giro d'Itália é a coletânea de textos escritos por Buzzati sobre o Giro d'Itália de 1949. Aquele, em que na 10ª etapa, de Cuneo a Pinerolo, Fausto Coppi venceu seu principal rival, Gino Bartali com 11 minutos de diferença, depois de pedalar escapado por 192 quilômetros num percurso total de 250 quilômetros. Uma disputa épica, daquelas que somente os ciclistas de verdade são capazes de compreender sua grandiosidade. A rivalidade entre estes dois ciclistas marcou todo o Giro daquele ano, e Buzzati (ele mesmo um apaixonado pelo ciclismo) contratado pelo Corriere della Sera para cobrir o evento, produziu de maneira única todos aqueles momentos.
Abaixo, um trecho do livro (esgotado) e, em seguida, uma tradução fuleira feita pelo blog:

Non Tramonterà Mai la Fiaba della Bicicletta
E il prossimo anno, sarà data di nuovo la partenza e l'anno dopo ancora, di primavera in primavera...Finchè (ma vivremo ancora noi?) le persone ragionevoli diranno che è assurdo continuare; a quei tempi le biciclette saranno diventate rare, ferravecchi quasi comici, usati da pochi nostalgici maniaci, e voci si leveranno dando la baia al Giro.
No, non mollare, bicicletta. A costo di apparir ridicola, salpa ancora, in un fresco mattino di maggio, via per le antiche strade dell'Italia. Noi viaggeremo per lo più in treno-razzo, allora, la forza atomica ci risparmierà le minime fatiche, saremo potentissimi e civili. Tu non badarci, bicicletta. Vola, tu, con le tue piccole energie, per monti e valli, suda, fatica e soffri. Dalla sperduta baita scenderà ancora il taglialegna a gridarti eviva, i pescatori saliranno dalla spiaggia, i contabili abbandoneranno i libri mastri, il fabbro lascerà spegnere il fuoco per venire a farti festa, i poeti, i sognatori, le creature umili e buone ancora si assieperanno ai bordi delle strade, dimenticando per merito tuo miserie e stenti.
E le ragazze ti copriran di fiori.
Dino Buzzati, Corriere della Sera, June 14, 1949

A fábula da Bicicleta nunca vai acabar
No próximo ano, será dada de novo a partida, e no próximo novamente, de primavera a primavera... Até (estaremos vivos?) pessoas razoáveis disserem que é um absurdo continuar; naqueles tempos as bicicletas terão se tornado raras, quase ferros-velhos cômicos, usadas por uns poucos maníacos, e vozes ecoarão, dizendo que é tempo de colocar o Giro para descansar.
Não, não desanime, bicicleta. Com o custo de parecer ridícula, voe uma vez mais nas frescas manhãs de maio pelas antigas estradas da Itália. Nós viajaremos na maioria das vezes de trem-bala, a energia atômica nos poupará do mínimo esforço; nós seremos muito poderosos e civilizados. Não se aborreça, bicicleta. Voe, com suas pequenas energias, entre montanhas e vales, suor, fadiga e sofrimento.
Os lenhadores descerão do seu isolamento nas montanhas para gritar "Evviva!", pescadores virão das praias, os contadores abandonarão os livros-caixa, os ferreiros deixarão o fogo morrer para celebrar você, os poetas, os sonhadores, as criaturas humildes e boas se alinharão no acostamento das estradas, esquecidas, por sua culpa, de seus problemas e dificuldades.
E as moças a cobrirão de flores.

Nenhum comentário: